Transcrição completa
(INÍCIO)
[00:00:00]
[Abertura]
Ananda: Este é o episódio piloto do podcast. Eu ainda não sei como ele vai se chamar, mas você que está aí no futuro já sabe o nome, então eu só espero que eu tenha tomado uma decisão inteligente. Depois vocês dão o feedback e vão me falar. E a pessoa que eu vou receber aqui hoje virtualmente é a minha amiga e também uma cobaia, porque ela aceitou estar aqui sem nem saber se a gente vai colocar isso no ar. É uma pessoa que eu admiro muito. Eu descobri que a gente se conhece há 13 anos e ela tem praticamente 15 anos de experiência na área da comunicação, especialmente como produtora, apresentadora e locutora de diversas vertentes. Eu estou falando da Camila Kehl. Camila, muito obrigada por ter aceitado meu convite para estar aqui comigo hoje batendo esse papo. Eu acho que a gente vai curtir bastante esse papo sobre o áudio, principalmente o jornalismo de áudio também e o trabalho com locução.
Camila: Oi, Ananda. Tudo bem? Obrigada pelo convite. Me surpreendi porque a gente se conhece há tanto tempo e agora você colocou em números, não é mesmo?
Ananda: Coloquei.
Camila: E aí eu fiquei um pouco surpresa, impactada, porque parece que o tempo não passa para a gente, para a nossa amizade. Então quero agradecer. Obrigada pelo convite, estou muito feliz também com essa tua iniciativa. Adorei. Espero que a gente possa conversar coisas legais aqui.
Ananda: Camila, me diz uma coisa: você já teve que dar nome para algum programa de rádio, no seu tempo de rádio, ou para algum quadro? Porque eu estou sofrendo muito para dar um nome para esse podcast. Então queria só te perguntar se você já passou por isso.
Camila: Como é que é isso? Pois é, já, já passei por isso, e eu vou te confessar uma coisa: eu sou péssima para dar nomes às coisas. Péssima. Então eu sofria muito com isso. Normalmente alguém acabava resolvendo para mim, chegava ali e ponto. Alguns programas eu já peguei acontecendo, então já tinham um nome; outros aí tiveram que ser nomeados. Mas eu tinha bastante dificuldade, então eu te entendo totalmente. Eu estou tentando lembrar, inclusive, qual foi o único que eu consegui dar o nome, eu mesma, sem dizer assim: “Gente, pelo amor de deus, alguém me dá um nome”. Eu sou péssima. Eu acho que foi o Atômica. Talvez tenha sido.
Ananda: Eu ia te falar: eu lembro do Atômica – eu achava esse nome fantástico, eu não sabia se era você que tinha dado – na rádio Unisinos, um programa que a Camila apresentou. Até se quiser fazer um apanhado, Camila, dos teus tempos da rádio, fazer um resumão.
Camila: Sim, Ananda. Eu quis cursar Jornalismo muito por causa de rádio, eu sempre gostei muito, desde criança. Claro que eu tenho uma outra lembrança, que é uma coisa também muito de criança, mais afetiva, que é mais ligada à televisão, à atuação de televisão, e aquilo me chamou muito a atenção, mas rádio é uma coisa que está presente na minha vida sempre como ouvinte, então por isso que eu fui fazer o curso de Jornalismo, porque eu gostava muito de rádio. E aí eu trabalhei na rádio Unisinos, uma rádio universitária, uma rádio da Unisinos, da universidade, mas que tinha um dial na FM e tudo, e eu trabalhei por… nossa, eu nem sei. Me esqueci um pouco, mas 12 anos talvez. Não lembro direito. E eu entrei como estagiária lá, mas eu já entrei no ar – eu entrei em um mês e no outro eu já estava no ar apresentando os programas, trabalhando com produção. Então, desde que eu entrei, sempre apresentando programas direto assim no ar e fiquei nessa trajetória aí, fiz o tempo de estágio. Depois saí, mas nove meses depois eu voltei para a rádio como contratada e fazendo os programas da casa. Trabalhei nas manhãs, trabalhei nas tardes, em especial com um programa que sempre me acompanhou em toda a trajetória, que era o programa da casa, digamos assim, porque trazia os temas factuais, mas trazia muitos temas da universidade. Esse sempre me acompanhou. Mas eu também fiz, enfim, muitos programas musicais, porque é o carro-chefe também da rádio. Eu acho que, de tudo isso que eu fiz, eu realmente destacaria o Atômica, que você falou. Eu fiz muita coisa, Ananda, eu fiz muitos programas, muitos tipos e tal. A gente tinha alguns programas também de literatura. Mas eu destacaria o Atômica, porque foi um programa que eu realmente trabalhei desde a concepção, eu que sugeri os temas desse programa, porque era um programa que trabalhava com questões de gênero, então tinha muitas pautas de feminismo, muitas pautas de diversidade e, claro, cultura, que sempre foi uma coisa que teve na rádio e eu sempre gostei; muita pauta de literatura; teatro, que é uma coisa que eu curto muito; cinema; música; tudo isso, mas com bastante foco nas questões de gênero e diversidade. E foi um programa, como eu disse, desde a concepção, eu que sugeri esses temas, trabalhei para construí-lo, e eu acho que foi muito bonito, acho que a gente conseguiu trazer nesse tempo temas que não eram muito falados. E vamos pensar o seguinte: quando eu sugeri isso, foi em 2015, meio que no início de 2015, e 2015 foi o renascimento, digamos assim, do feminismo. Desculpa, gente, daqui a pouco as feministas vão ouvir e vão me matar, mas eu estou falando: o feminismo veio com muita força na internet. A partir de 2015, isso ficou muito mais forte. E meio que percebendo isso, acabei: “Bom, então vamos falar disso em uma mídia mais tradicional de novo, vamos falar em rádio”. Então acho que isso foi um ponto bem legal.
Ananda: Sim, quando você citou o Atômica, eu logo lembrei: os temas de gênero estavam começando a querer estourar um pouco a bolha e ir mais para o mundo externo, então foi bem naquela época, não é?
Camila: Isso.
Ananda: Que a gente começou a falar disso. Bem legal. Mas você citou, logo no início da sua fala, que, logo quando você começou na rádio Unisinos – eu passei por uma experiência até parecida, nós fomos colegas na rádio Unisinos -, logo depois você entrou no ar, você foi para o ar provavelmente ali nos primeiros meses. Eu queria saber como foi essa experiência e como você evoluiu durante todos esses anos, como a sua confiança como uma pessoa que segura um programa ao vivo, que faz locuções, que faz também locução jornalística, como você sentiu que foi evoluindo como uma profissional da voz e como uma jornalista de rádio desde o seu início até agora?
Camila: O que aconteceu foi o seguinte: eu entrei no dia 27 de novembro de 2007. Por que eu sei 27 de novembro? Porque eu faço aniversário dia 26 de novembro, então foi um dia depois, e isso me marcou. Mas eu entrei dia 27 de novembro, era meio de semana, e, no final de semana seguinte… tipo assim: eu entrei em uma quarta, uma quinta, e no sábado tinha o vestibular da Unisinos. Só que, naquele tempo – gente, hoje em dia todo mundo até que dá uma preparada melhor nas pessoas, nos estagiários – a coisa era um pouco assim: “Chega e faz”. E aí eu cheguei na quarta e, na sexta-feira, o meu chefe na época, que era o Jimi Joe, falou: “Ah, pessoal, então amanhã tem o vestibular e tal, não sei o que. Estão aqui o fulano, a fulana…”, e eu não fui citada nem nada, porque eu tinha recém-chegado. Fui para casa, acabou o meu expediente. Quando chegou ali umas duas e meia da tarde, peguei e liguei para ele, falei: “Oi, Jimi. Tudo bem? Então, você precisa de mim amanhã?”, tipo assim, a louca. “Você precisa de mim amanhã? Eu posso ir na cobertura do vestibular, não tem problema”, ele falou: “Não, chega aqui, chega aqui”, aquele jeitão do Jimi. Só que eu achei que eu ia fazer uma produção, ia fazer alguma coisa. Cheguei lá de manhã, ele falou: “Então toma, vem aqui comigo”, e aí eu falei assim: “Gente, o que vai acontecer?”. Ele pegou, foi descendo comigo e foi me falando várias coisas, foi me dando umas dicas: “Você faz isso, faz aquilo” e eu assim: “Hum?”, e aí foi descendo e chegamos a um centro administrativo, que era onde acontecia o vestibular, onde ficavam as posições do vestibular, orientação e tal, e aí ele me levou para o lado do restaurante, que tem um restaurante universitário. Tinha uma mesinha com um mic, uma mesinha de áudio e tal. Ele pegou e alcançou o mic, e falou para mim…
Ananda: Meu deus, que medo.
Camila: … “Bota esse fone, cuida de chamar lá no estúdio, você vai fazendo o ambiental aqui, vai dizendo o que está acontecendo aqui embaixo”. Eu fiquei tipo “What the hell?”, mas eu fiquei tipo: “Tudo bem”.
Ananda: Ok, fingiu costume.
Camila: Fingi costume, porque eu queria entrar entrando, queria entrar bem, se é que você me entende.
Ananda: Claro.
Camila: Porque quem vai para rádio – a não ser que a pessoa goste muito de produção e queira ficar -, o que você quer? Você quer ir para o microfone, não é, meu amor?
Ananda: Claro.
Camila: E aí eu pensei: “Vou agarrar essa chance”. Ele pegou, subiu, eu em pânico, mas plena por fora.
Ananda: Com certeza.
Camila: E aí fiquei de fonezinho. Quando ele me chamou, eu: “Blábláblá”, fui fazendo o ambiental, fui olhando, “Está acontecendo isso, porque o campus está assim, está assado, não sei o que”, fiz ali minhas entradas. Acabou o tempo ali, subi e tal, e aí o Jimi: “Não, foi muito bem”. Reza a lenda que o Betinho, que era o nosso operador, falou assim: “Nossa, essa menina vai bem aqui”, porque eu já cheguei assim, no terceiro dia, e já mandei esse plá. E aí foi isso, eu entrei bem, para os termos de quem tinha chegado a dois, três dias, eu não cometi nenhuma gafe, fiz tudo certinho, não gaguejei, dei o recado que tinha que dar. E aí em janeiro entrei no ar apresentando programa junto com o Rodrigo.
Ananda: Que era o blábláblá?
Camila: Que era o blábláblá na época. Aí eu entrei apresentando o programa junto com o Rodrigo.
[Trilha sonora]
Camila: Agora, eu vou contar uma coisa aqui. Momentos.
Ananda: Inédito: momentos de tensão.
Camila: Qualquer coisa depois a gente edita. Não, estou brincando.
Ananda: Qualquer coisa.
Camila: O mais bizarro nisso tudo é que o Jimi também falou: “Eu acho que eu acabei acertando nessa contratação que eu errei”, porque, na verdade, não era para ser eu para ser chamada para esse estágio.
Ananda: Ah, você foi a segunda opção?
Camila: Você sabia disso?
Ananda: Eu sabia, eu tinha isso no fundo da minha cabeça meio vagamente, não lembro bem, mas eu acho que você comentou alguma coisa assim.
Camila: O que aconteceu, gente? Naquela época lá na rádio, a gente fazia um processo seletivo que tinha muita gente que concorria a essa vaga. Era uma época em que todo mundo queria trabalhar lá, mesmo a rádio estando meio… e aí, para ter uma ideia, quando eu fui fazer a seleção, a primeira prova, que era a prova escrita, tinha uma sala inteira cheia de gente, lotada, e aí eu passei na parte escrita; depois, vinha a dinâmica de grupo, que era uma sala já menor, mas também cheia de gente. Passei na dinâmica de grupo e fui para a entrevista individual. Só que o Jimi queria chamar uma outra mina e se confundiu e pegou o meu nome naquelas fichas, naquelas cosias.
Ananda: Então ele se atrapalhou?
Camila: E deixa eu falar…
Ananda: Porque você sabia que eu também fui a segunda opção?
Camila: … e aí ele fala o seguinte, na verdade: “Nossa, foi o erro mais acertado no final das contas”. Ele meio que se embananou, viu meu nome… tanto que, no primeiro dia que eu estava lá, ele chegou à sala do estágio, na redação, olhou para dentro, me viu, saiu, chegou a Diana e falou: “Quem é aquela menina que está ali na sala?”, e a Diana, que era nossa colega lá na rádio: “Ué, é a estagiária da seleção”, “Não, mas não foi essa guria que eu queria, não foi essa guria que eu chamei”.
Ananda: Então é isso.
Camila: Foi isso, fui o erro.
Ananda: Ele fez uma decisão acertada por uma confusão. Não, porque eu também fui a segunda opção, mas, no meu caso, eu fui a segunda opção mesmo, porque ele chamou a primeira pessoa e ela não podia, aí me chamaram.
Camila: Estou tentando lembrar quem era a primeira pessoa, mas depois a gente fala. Mas, Ananda, você perguntou sobre a evolução, não é?
Ananda: Sim, sim.
Camila: Sim, eu acho que eu fui evoluindo muito. Eu tinha uma coisa que era horrível, por exemplo, se o operador de áudio lá do lado do vídeo fizesse alguma gracinha, eu ria no ar. Eu tinha muito isso. Eu tinha que segurar o meu riso, eu tenho o riso solto, é uma coisa minha, que eu preciso trabalhar. Às vezes são situações que eu não posso rir e eu acabo rindo. Mas eu tinha isso muito, então isso eu acho que é uma coisa de controle. Um pouco da coisa da voz também. Quando a gente está começando – eu não sei como foi para você isso -, a gente também está testando a nossa voz, de certa forma: o que fica melhor, o que fica mais natural. Eu tenho uma coisa que é uma coisa minha: em todo o meu tempo de rádio e enfim, e até mesmo nas locuções que eu faço, eu tento ser muito natural, muito espontânea mesmo, eu não faço impostação de voz. Claro que hoje em dia isso está totalmente fora de moda, nem se usa mais isso, mas ainda assim às vezes você percebe que alguns locutores, algumas pessoas que trabalham em rádio colocam um pouco mais, têm uma coisa de voz um pouco mais… como eu trabalhei também em rádio que era uma rádio de música e tal, então tudo bem até ser assim, um pouco mais… mas essa é uma coisa minha. Mas, de qualquer forma, acho que eu fui trabalhando a voz, fui melhorando essa coisa de encontrar um tom que não fosse artificial, que continuasse sendo natural, que continuasse sendo eu, que fosse uma marca minha, meio que uma marca registrada. Se alguém ligasse o rádio: “Ah, é a Camila agora nesse horário, realmente, porque é ela se expressando de forma espontânea, rindo”, sabe? Então acho que foi uma coisa assim.
Ananda: Sim, e eu acho que você tem uma identidade muito própria. É bem como você falou: se as pessoas vão te ouvir, aquelas que provavelmente já te conhecem, já te ouviram outras vezes, vão identificar o seu estilo, o seu tom de voz. Você comentou a questão do rádio, eu concordo, principalmente o rádio é mais noticioso, tem muito ainda a questão da impostação da voz, mesmo que seja menos do que no passado.
Camila: Nossa.
Ananda: Mas, se a gente faz uma comparação com a tevê, eu acho uma diferença brutal, porque, por exemplo, te vendo, conhecendo o seu histórico, ok, você evoluiu ao longo desses anos, mas você tem o seu estilo. O seu estilo, sabe? O seu jeito continua sendo… você tem a sua essência. Aí eu penso em algumas ex-colegas do jornalismo – não vou citar nomes, pessoal, para não fazer fofocas, porque não é nada demais, é só uma observação mesmo…
Camila: Não, vamos edificar.
Ananda: E aí o que acontece? Todas elas falam igualmente. Eu lembro de conversas com elas que elas tinham a voz de taquara rachada – hoje têm aquela voz bem trabalhada por fonoaudióloga, porque a fonoaudióloga opera milagres. Inclusive, ainda quero ter uma fonoaudióloga em um dos episódios, porque eu adoro, gosto muito de fono. Inclusive, quero.
Camila: Eu também quero. Não, mas eu quero ter para a vida.
Ananda: Então, eu quero também. Quem quiser, já fica aqui o convite para fazer parcerias.
Camila: Exatamente, manda aí.
Ananda: É isso aí. Mas a questão é: na tevê, pelo menos na minha experiência observando tevê, sul do Brasil, as pessoas todas falam igualzinho, não têm identidade. O que você acha disso, Camila?
Camila: Nossa, Ananda, eu não poderia concordar mais. Primeiro, quero pontuar uma coisa: apesar de ser uma rádio musical, como eu falei, quando eu trabalhei em rádio, eu fazia um programa pelo menos que era mais factual, e, em alguns momentos, eu dava notícias mesmo. Então eu também acho que é importante dizer isso. Como eu tinha essas duas vertentes, eu fazia o programa que era mais factual, mas também fazia o programa musical, eu era a mesma pessoa, entendeu? A minha identidade era a mesma, mas nesses momentos é um outro tipo de locução, certo? Então, se era uma notícia, era uma locução mais noticiosa; se é um programa factual trazendo um assunto mais quente ou mais sério, é uma outra postura. Sobre essa questão da tevê, isso me chama muitíssimo a atenção. Eu não sei acontece aqui – agora sim nós vamos ser… bom, mas enfim – em especial, no Sul. Eu acho que existe uma padronização não das vozes, mas do tom de televisão, que me incomoda. Todas falam parece que no mesmo tom, todas falam no mesmo ritmo, todas terminam as frases ou para cima ou para baixo, enfim, o jeito de falar, mas todas terminam de uma forma, com uma entonação, e tudo igual. Me impressiona muito. É uma escola que eu não vou dizer o nome, também não vou dar nomes.
Ananda: É, mas tem um nome.
Camila: Mas tem nome. Então eu acho que todas vão na mesma fono, não sei o que acontece. É uma padronização de tom de voz, de ritmo, sabe? Não é nem de impostação, é de como a terminação das frases… sabe? Não existe uma variação. Isso me incomoda bastante, porque parece que fica tudo igual e fica um pouco maçante. Eu também tenho essa impressão, Ananda, e a gente nunca nem falou sobre isso, eu acho. É bom saber que não sou só eu que acho isso.
Ananda: É, acho que faz sentido.
Camila: Eu cheguei a fazer um tempo de tevê, mas eu quero dizer que é o seguinte: eu não tenho jeito para tevê. Eu acho que não é uma coisa que eu gosto de fazer, porque eu acho que eu não fico… eu tenho algumas questões. Eu acho que eu não fico bem na tevê, eu não tive uma experiência tão boa na tevê. Mas também é um outro tipo de colocação, é um outro tipo de entonação que eu a gente vai dando e tudo mais. A Ananda até tem mais experiência do que eu em tevê e se saía muito bem, então não sei. É outra coisa, não é, Ananda? Ou estou viajando? É uma outra dinâmica de locução, digamos assim, não é?
Ananda: Eu acredito que sim, mas o ambiente da tevê é um pouco mais engessadinho. Eu acho que as pessoas são ainda diferentes do rádio. Eu lembro que você teve uma certa resistência para fazer essa transição para a tevê. Você apresentou alguns programas para a TV Unisinos, eu lembro disso, mas, olha, eu tenho uma experiência que eu lembro que eu ficava bem frustrada, e hoje não sei se aquelas pessoas estavam certas ou não. Mas eu tive, sim, um tempo de tevê, de produtora e também de repórter e tal, e eu queria muito fazer coisas soltas, fazer coisas divertidas. Na época, eu achava que eu queria fazer jornalismo cultural na tevê, mas hoje eu sei que não era bem aquilo que eu queria fazer. Eu queria falar sobre qualquer coisa, eu queria fazer tevê sem aquela encheção de saco das pessoas de tevê em volta. E aí as pessoas diziam: “Não, mas você tem perfil para hard news”.
Camila: Ai, que ódio.
Ananda: “Mas você é hard news”. Eu lembro que eu estava na TVE, eu era estagiária – que na TVE significa também produtora e repórter, que vai e faz externa, volta, edita texto, decupa tudo – e eu era da redação e queria ir para o Radar, que é um programa de cultura que tem na TVE no Rio Grande do Sul. Eu queria fazer parte da equipe de produção do Radar, que era uma coisa cultural e tal. Nunca me deixaram, porque eu tinha perfil para hard news. Ah, vai se catar. Aí eu já fico brava só de pensar. Porque, sim, o hard news exige um perfil um pouco mais engessado, você tem que entrar no padrão. É o legítimo padrãozinho, pelo menos quando a gente pensa nas principais emissoras, e eu acho que em boa parte delas o hard news é muito semelhante. Não é o meu estilo mais, nunca foi.
Camila: É, quando eu fiz tevê, eu fiz coisas mais culturais, porque, enfim, me chamavam justamente para fazer os quadros mais culturais da tevê lá, enfim, então eu falava de música, falava de cultura em geral, mas realmente não é minha praia. Eu acho que eu não fotografo bem em vídeo.
Ananda: Bobagem.
Camila: Aí ficava engessadona, aí eu ficava meio assim. Enfim, e olha que eu fazia um monte de coisas sem TP. Fazia tudo daqui, olha.
Ananda: Sim, porque você já era acostumada sem TP, o teleprompter, que é aquilo que os jornalistas usam para ler os textos.
Camila: A cabeça. É que é assim, gente, quem vem de rádio está acostumado a falar que nem papagaio as coisas, então com essa bagagem a gente vem, porque muitas vezes a gente segura um programa uma hora ao vivo, duas horas, porque acontece alguma coisa e tal, e a gente vai criando uma capacidade, um gerador de trololó, entendeu? Então a gente vai criando isso. Claro que a gente traz notícias, traz tudo, mas a gente tem que falar muita coisa. Então, quando você faz essa transição para a tevê, você já vem com essa expertise, que talvez quem esteja na tevê, que vá para a tevê primeiro, não tenha tanto de saída, entendeu? Então, se a gente precisar segurar uma coisa uma hora falando da cabeça, porque a gente tem as informações na nossa cabeça e tal, a gente dá conta um pouco disso. Estou viajando? Mas é o que aconteceu comigo.
Ananda: Eu concordo 100%. Você falou do gerador de trololó, obviamente não é trololó, mas eu entendo o que você quer dizer e eu concordo 100%. A gente ganha uma capacidade de segurar um ao vivo, de falar, as palavras vão surgindo, você vai falando, você vê coisas, você lembra de coisas, você vai formando frases e você vai ali segurando nas costas o que talvez aquele seu colega que é só de tevê não teve essa capacidade, porque a tevê muitas vezes é muito produzida.
Camila: Isso aí. É aquilo que o Rodrigo e eu brincávamos, é fazer um embromation society, que é uma bobagem, enfim.
[Trilha sonora]
Ananda: Bom, você tem experiência com diversos tipos de locução, não é? Jornalística, comercial, você também faz audiodescrição, não é? Então eu queria que você falasse um pouco desses diferentes tipos de locução, falasse das principais diferenças entre eles e dos cuidados que você tem ao narrar, falar esses textos.
Camila: Certo, vou começar com a audiodescrição, que é uma questão de acessibilidade – pessoas portadoras de deficiência visual. Então a audiodescrição serve como isso: uma audiodescrição, como o nome diz, do filme. O que a gente precisa ter em mente? Que na audiodescrição a gente precisa descrever o que está acontecendo (quando) [00:24:45] não existe uma narração, quando não existe uma fala de um personagem, de uma pessoa e tudo mais. Mas acho que a diferença básica disso é que a audiodescrição não é uma dublagem, então a audiodescrição é simplesmente você descrever aquilo da forma mais rápida possível, muitas vezes para poder encaixar também enquanto não entra uma narração, uma fala, mas fazer isso de uma forma que não seja interpretada, sabe?
Ananda: Ok, então você não pode colocar uma emoção ou um sentimento, uma intenção em cima da sua narração?
Camila: Não. Ela é basicamente informativa, é para descrever o que está acontecendo. Ananda abre a porta, entra na sala, se dirige à cozinha, pega um copo d’água. Aí entra uma fala da personagem Ananda e tal. Então ela é basicamente isso, entende?
Ananda: Então a fala que entra é a fala original do filme, então é uma mistura da sua descrição do que acontece com as falas dos personagens, se a gente pensar em um filme, por exemplo?
Camila: Se a gente pensar em um filme, sim. Porque aí, então, eu preciso descrever aquele ambiente para a pessoa e descrever o que não está na fala, o que a fala não comporta, então é uma coisa de caráter mais informativo. E aí eu faço audiodescrições para filmes, séries, documentários – e às vezes é difícil, porque o documentário às vezes tem uma narração, então eu tenho que ser muito rápida. Às vezes é muito rápido e não tem jeito, tem que ser assim, tem que ser uma coisa meio: “Em caso de suspeita de dengue…”, entendeu?
Ananda: Mas deixa eu te fazer uma pergunta: eles não podem depois acelerar a sua voz? A sua voz nativa tem que ser já rápida, é isso? Ou eles aceleram depois?
Camila: Poder acelerar, pode, mas, se a gente puder fazer rápido já a locução, é melhor, entendeu? É uma coisa a menos de edição e tal. Mas é uma coisa de caráter bem informativo, você não pode passar emoção, não pode passar intenção, você está simplesmente para descrever o ambiente, não para influenciar, digamos assim, a experiência da pessoa. Então é isso. Sobre locuções comerciais: sabe que eu tive um pouco, quando eu fui fazer essa transição, de dificuldade para entender um pouco como me colocar nessa questão e entender que muitas vezes é isso aí, você precisa ser bem comercial mesmo. Às vezes o texto que vem para a gente não entrega tudo, mas também o que a gente vai fazer? Na maioria das vezes se recebe só o texto, não recebe o que vai ser o vídeo, por exemplo, se a gente pensar em vídeo. Hoje em dia faz-se muita coisa com vídeo. Às vezes o vídeo está sendo produzido, por exemplo. Então a gente precisa tentar pegar aquele texto – tomara, oxalá que o redator tenha escrito bem – e aí… gente, redatores, eu sou redatora, então a brincadeira aqui é livre, é uma autozoação também.
Ananda: Tem lugar de fala.
Camila: Tenho, tenho lugar de fala. Mas entender que a locução comercial, dependendo do que você vai fazer, é isso mesmo. Dependendo se é varejo, é varejo, vamos lá assumir isso aí; se é uma coisa institucional, bom, aí você tem um espaço para ser um pouco mais classy, dá para ser mais classudo e tudo mais. Mas não adianta, tem que assumir isso aí de uma forma bem… sabe? Por exemplo, eu já fiz locução para, sei lá, plano de internet. Eu já fiz locução para tudo que você possa imaginar, para carro de som. Então é isso, se é um carro de som que vai sair na rua, é isso, tem que falar a língua que as pessoas estão acostumadas na rua e do jeito que elas estão acostumadas na rua. É uma linguagem muito mais direta. Mas vai fazer uma narração de um vídeo que vai rolar internamente, é uma coisa meio de orientação para colaboradores que trabalham, sei lá, transportando coisas na indústria. Bom, então a gente tem que entender um pouco esses públicos. Entendendo os públicos daquela locução, a gente mais ou menos tenta entender por que caminho vai e quais as intenções que a gente precisa dar às coisas. Bom, se a mensagem que a gente precisa passar é que o caminhoneiro tem que carregar bem essa carga e ele precisa fechar bem essa carga para que as coisas não caiam dentro do caminhão – estou falando aqui uma coisa aleatória. Mas então a gente vai tentar entender isso dentro de uma frase, qual é a intenção que a gente precisa dar às palavras-chave. Então vai buscando as palavras-chave e vai dando uma intenção maior nessas ou uma atenção, um “Lembre-se”, e assim vai indo.
Ananda: Esse tom de voz, você acha, da sua experiência, que é algo que cabe mais ou que usualmente é mais o próprio locutor que tenta entender, que identifica, ou é a marca que manda aquele briefing? Porque eu imagino, muitas vezes, que, do lado da marca, a pessoa, na cabeça dela, imaginou o que ela espera, mas ela talvez não tenha dado nesse briefing para o profissional o que ela quer, tipo: tom de voz educativo, alegre, profissional, carismático, sensível, romântico. Esse tipo de informação vem para você ou geralmente não, justamente como você falou, você tem que interpretar e ver como vai ser a melhor estratégia de locução?
Camila: Geralmente não vem. O certo é vir, mas geralmente não vem.
Ananda: Seria o ideal, não é?
Camila: Seria o ideal. Eu imagino que isso seja mais comum com algumas marcas maiores ou alguma coisa assim, mas às vezes vem da própria agência e não vem isso especificado, não vem do tom nem nada. Aí a gente tem que trabalhar com o que tem no texto. Então tem que trabalhar com o que vem no texto ali, é essa a informação que você tem; a informação que você tem é o texto. Bom, então, se pelo texto eu estou vendo que isso aqui é uma comunicação que está indo para um varejo de tal empresa, sabe? Ou então esse texto aqui é uma comunicação interna, o público da comunicação interna é tal – bom, então… e é isso. Enfim, a locução de rádio ou a locução jornalística, eu até já tinha comentado um pouquinho antes, existem diferenças. Por exemplo, se você vai fazer uma locução tanto ao vivo quanto gravada para um programa que seja musical, que era o meu caso, então você pode fazer uma locução muito mais solta, muito mais espontânea, em alguns casos pode ser divertida – mas não divertida boba, divertida com conteúdo -, então pode ser realmente uma coisa mais espontânea, uma coisa mais solta. Afinal de contas, fala de música ou fala de cultura, enfim. Se é uma coisa noticiosa, e aí, claro, locuções noticiosas e locução ao vivo de programas que são mais factuais, claro, não vão perder a espontaneidade, mas é um outro posicionamento, é uma outra postura. Na rádio a gente tinha muito, em determinadas épocas, uma coisa de entrar ao vivo dando notícia, só notícia. Não sei se você se lembra disso.
Ananda: Lembro, tipo uns boletinzinhos assim, não é?
Camila: Isso, tipo uns boletins. Bom, aí você vai ler um boletim de notícia, então você vai encarnar realmente o jornalistão, que não precisa ter a voz impostada – de novo, gente, isso nem é mais usual -, mas que tem uma postura e que tem um ritmo. Aí é um ritmo diferente. O ritmo de você ler uma notícia é diferente, tem um ritmo, tem que ser objetivo, mais assertiva a sua locução, tem que ser mais séria, com boas pontuações, e aí eu estou falando do boletim, que não tem uma intervenção que seja… então uma gravação ou uma entrada de boletim, por exemplo, não, vai ter que ser uma ótima leitura, locução firme, bem assertiva, com ótimas pontuações, enfim. Então essas são as diferenças. E tem uma coisa, eu acho que a própria entrevista também é uma coisa interessante. Talvez seja o formato que eu mais goste dentro do jornalismo, sem dúvida, a entrevista. No tempo de rádio, não tinha nada que me desse mais prazer do que entrevistar. Eu amo entrevistar, é uma coisa que eu adoro, mas segue um pouco a coisa da locução e da apresentação do ao vivo também, (inint) [00:33:25] uma entrevista factual com uma entrevista mais dura, que se permite ser mais solta. Acho que é por aí.
Ananda: E você acredita que esse perfil… porque você sabe que você tem um perfil bem multifacetado, você transita bem em várias áreas do áudio. Bom, o mercado da comunicação e do jornalismo é um mercado que leva bastante na cara, que a gente sabe que é bem complicado. Eu queria saber se você acha que ter essas habilidades de poder transitar entre diferentes áreas do áudio como profissional da voz, do áudio, é algo que é importante para quem quer se colocar nesse mercado hoje. Ou, por exemplo, uma pessoa consegue sobreviver só de locuções comerciais? Esses nichos permitem que a pessoa se especialize ou nessa área tem que saber fazer um pouco de tudo?
Camila: Bom, eu não consigo viver de locução ainda, infelizmente. Adoraria, meu sonho seria esse, viver das minhas locuções comerciais, institucionais, enfim, mas eu ainda não consigo fazer isso, eu ainda preciso ter um emprego que pague as contas. Mas eu acho que, para quem vai para essa área da locução mesmo, nossa, você tem uma cancha muito maior se você for esse tipo de profissional versátil, que já fez várias outras coisas. Não é determinante, porque muita gente nunca trabalhou em rádio e faz locução comercial brilhantemente bem, mas, se você já tem um background, muito melhor, porque aí você consegue transitar pelas coisas de forma mais fácil, sem tanto sofrimento. Então acho que isso é muito importante. Mas, como eu te disse, eu ainda não consigo sobreviver só da locução comercial e até eu me ressinto um pouco disso. Gostaria de conseguir até me qualificar mais, só que eu tenho o meu trabalho regular de segunda à sexta também. Realmente, eu tenho uma vontade muito grande de poder viver só das minhas locuções mesmo, porque a área de áudio é o que eu gosto realmente de fazer dentro da comunicação. Mas tem muitas chances de qualificação para quem está pensando em entrar nas locuções comerciais. Existem vários cursos de locutores inclusive. Tem muito locutor por aí oferecendo cursos, alguns às vezes até gratuitos inicialmente, e aí depois, claro, tem cursos que você precisa desembolsar para ter, mas muitos passando a sua experiência, as suas qualificações, enfim, para cursos para quem quer se capacitar. Então eu acho que é uma área que é muito promissora, porque a gente está aí em um momento que as coisas – eu acredito nisso – cada vez mais estão mais… não sei se a palavra seria automatizada, mas hoje a gente vive uma coisa muito assim e vai viver cada vez mais, tipo: “Alexa, faz tal coisa”. Então eu acho que o áudio vai ficar muito mais presente nas coisas do nosso dia a dia, até nos eletrodomésticos que a gente tem dentro de casa, enfim. Eu acho que tem muitas aplicações que vão surgir, então você pode ser a voz de qualquer coisa. Não precisa ser só uma voz de locução comercial, entende?
Ananda: Eu acredito também.
Camila: Porque apesar de as coisas serem todas por comando de voz, a gente vai ter isso cada vez mais, eu acredito, as pessoas querem ouvir uma voz que seja humana. Eu acredito muito nisso. As pessoas não vão querer ouvir vozes robotizadas dessas coisas, essas coisas por comando de voz e que te respondem, inteligências artificiais, sei lá. Ok, é uma inteligência artificial? É, mas as pessoas gostam de ouvir uma voz humana, mesmo que seja na inteligência artificial. Então eu acho que são diferentes aplicações e eu acredito muito nisso, acredito que isso é um campo muito bom, quem trabalha com áudio.
Ananda: Eu não poderia concordar mais. Eu concordo plenamente, inclusive a questão da audionarração, de blogs, tipo textos de blogs, de artigos, coisas do tipo. Às vezes eu me deparo com algumas narrações de inteligência artificial e eu fico… é horrível, não gosto nada. A parte de audiolivros também. Você se interessa bastante por essa parte, não é, Camila? Eu acho que ela vai crescer bastante.
Camila: Eu acho que vai crescer bastante sim, porque as pessoas hoje… sem tempo, irmão. É aquilo: vou fazer a minha corrida na rua, aí coloca o fone e vai ouvindo um audiolivro ali, um audiobook, e vai. Então acho que isso também é um campo bem interessante. Isso que você falou sobre as vozes de inteligência artificial nos textos, eu acho isso incrível, porque eu também acho um campo legal, porque, como eu disse, eu estou sem tempo para ler essa notícia aqui, mas, enquanto eu estou, sei lá, dobrando essa roupa aqui, eu vou botar para ler para mim, a inteligência artificial. Só que eu não gosto da voz da inteligência artificial, eu queria uma voz humana lendo aquilo para mim. Enfim, eu acredito muito nisso. Eu acho que as possibilidades estão todas aí e vão acontecer cada vez mais, e que, de qualquer forma, por mais inteligência artificial que seja, queremos uma voz que nos traga uma humanidade.
Ananda: Sim, é uma humanidade, é isso mesmo que você falou. Eu acho que essa palavra define bem. Total. E depois eu vou colocar na descrição desse episódio alguns links úteis, por exemplo: curso de locução e até algumas plataformas onde é possível listar o seu trabalho caso você seja um locutor e, assim, contatar alguns clientes. Camila, muito obrigada por esse papo, eu adorei conversar e até relembrar alguns momentos das nossas histórias ligadas ao áudio, ao rádio, ao jornalismo. Foi bem bom conversar, não é? Hoje foi o episódio piloto, eu estava um pouco nervosa, até passei lavanda nas mãos, gente, estou cheirando a lavanda. É essa a situação, mas sobrevivi, foi ótimo, adorei. Camila, muito bom.
Camila: Eu sabia. Ananda, eu queria agradecer muito, enfim, o convite. Sempre muito bom conversar contigo de qualquer forma, a gente conversa sempre, mas aqui, dessa forma. E, enfim, também poder relembrar todos esses tempos e relembrar também os tempos que trabalhamos juntas. A gente até poderia ter falado mais sobre isso, mas, enfim, estou bem feliz pelo convite.
Ananda: Que bom. E, Camila, deixa as suas redes, como as pessoas podem encontrar e também conhecer o seu trabalho.
Camila: Está legal. Eu tenho um SoundCloud, então pode me procurar lá: Camila Kehl. O meu sobrenome é K-E-H-L; o Camila é normal mesmo, não tem nenhum frufru no nome, não. Então é soundcloud.com/camila-kehl, se alguém quiser procurar assim. Senão procura lá Camila Kehl na SoundCloud que eu tenho algumas locuções ali e tal, tenho um pouco do meu portfólio. Até tenho que atualizar, na verdade, gente, tem coisa nova para colocar, sabe como é. E também quem quiser me procurar no Instagram, aí também me procura lá: Camila Kehl – K-E-H-L, que é o sobrenome. Procura que eu estou lá, camila_kehl.
Ananda: Legal, obrigada, Camila.
Camila: Se quiser mandar uma mensagem, enfim, sei lá, conversar sobre locução, pode. Ai, estou me sentindo.
Ananda: Ai, vende o peixe, projetos: vem coisa nova por aí? Projetinhos?
Camila: Manda jobs, essas coisas.
Ananda: Ai, muito bom. Obrigada, então, Camila.
Camila: Valeu, Ananda. Sucesso com o podcast.
[Trilha sonora]
[Encerramento]
[00:41:42]
(FIM)
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